Trabalhos prolongados a isso obrigaram. Durante “longos meses”, um painel mural com alguma envergadura – cerca de 60m2 absorveu para si o tempo todo.
O dito painel, executado durante os meses de Setembro a Dezembro, ocupa parte substancial do Externado “O Barquinho” em Lisboa, perto da Avenida dos Estados Unidos da América.

“A opção pelo tratamento pictórico / cromático evidenciado no desenho anexo, teve em consideração as particularidades do local onde se situa o recreio e que os painéis irão enquadrar, nomeadamente o facto de este não se encontrar na totalidade ao ar livre, a parte coberta ter um pé-direito muito baixo, a ausência de espécies vegetais e uma incidência de luz não muito favorável.
Assim, procurando contrariar estas características marcantes, escolheu-se um conjunto de formas, naturais e vegetalistas, formulando motivos que de modo alegórico procedam à mista simulação de um jardim onírico com fantasia marítima a que o nome da instituição alude.
Sendo o recreio um espaço eminentemente dedicado ao lazer, faz todo o sentido que se tenha optado por uma figuração que apela ao sentido lúdico daqueles que o vão desfrutar.
Os elementos figurativos, sendo esparsos, são afirmativos na preponderância que lhes foi atribuída, contracenando de forma harmoniosa com os restantes elementos de menor dimensão e maior profusão que pontuam os topos e rodapés dos painéis.
Por último, a cor de fundo. Pelas condicionantes já apontadas, o branco perfilou-se como opção inevitável tendo em vista a necessária captação de luz e servindo também de contraponto à variedade das cores em presença.”
O trabalho foi iniciado com a execução do desenho nas paredes. Em seguida, estas foram preenchidas obedecendo ao desenho prévio, utilizando o método directo. Como se disse, o material utilizado foi o azulejo cortado e trabalhado no momento.




Outras das componentes desta exposição foram as sessões de apresentação e de experimentação. Na apresentação, foi feita uma abordagem sucinta à história do mosaico, dos primórdios à actualidade, acompanhada sempre que possível da projecção de imagens elucidativas e subsequentes explicações técnicas. Na sessão de experimentação, foi facultada aos interessados a possibilidade de estabelecerem um primeiro contacto com ferramentas, materiais e uma das técnicas de fazer mosaico utilizando o método directo, tendo como matéria prima fragmentos de cerâmica (azulejos).
A avaliar pelos resultados obtidos, pode sem dúvida aqui ser deixado dito que o potencial (por explorar) dos intervenientes é enorme. A rápida apreensão dos conhecimentos necessários ao manuseamento dos utensílios e colocação das tesselas trabalhadas, como também, toda a criatividade evidenciada na elaboração de padrões ou figuras a partir de fragmentos de azulejos de fantasia, confirmam plenamente esta ideia.
Estes painéis figurativos, são paisagens inventadas a partir de palavras e imagens, escritas, vistas ou sonhadas…
Os Graphic Mirrors são (já) uma colecção de espelhos que tem vindo a crescer em termos de exemplares executados, procurando variar sempre o desenho de exemplar para exemplar, evitando a repetição de motivos e padrões.
Estes painéis – dípticos e trípticos com motivos florais - surgiram para dar continuidade a experiências anteriores, que nesta série foram recriadas de forma diferente.


